A hospitalidade e a prática do acolhimento pastoral

3ª sessão do ciclo «Abraça o presente: Juntos por um caminho novo»

Decorreu a 6 de dezembro, por videoconferência, a terceira sessão do ciclo «Abraça o presente: Juntos por um caminho novo», organizado pelo CCC e pelo diaconado permanente portucalense, em sintonia com o Plano Diocesano de Pastoral 2022/2023. A sessão, bem participada, como resulta dos 96 dispositivos informáticos ligados, constou da conferência «A hospitalidade e a prática do acolhimento pastoral», proferida pelo P. Manuel Mendes, pároco de Esmoriz. No referido Plano se menciona a necessidade de «formar pessoas de portas abertas ao Espírito e aos outros, atentas a todos, para que nas nossas comunidades todos se sintam em casa».

O P. Mendes, referindo que o tema da sessão questiona a qualidade do que fazemos, avançou com o essencial do que pretendia transmitir: fazer do acolhimento hospitalidade. Se o primeiro se situa, a seu ver, no quadro mais externo e imediato, a hospitalidade emerge como mais profunda e interior.

Abriu as suas palavras com o recurso à poesia, para que dizer que «o ser humano é uma casa de hóspedes», e construiu a reflexão essencialmente a partir dois textos que o inspiraram: «A ternura de Deus» de Ludovic Frère e uma homilia do Cardeal Tolentino de Mendonça, na ocasião das exéquias de um diácono, em outubro passado. Declinando a hospitalidade e o acolhimento em termos de «ternura», teve oportunidade de dizer que esta é lugar de revelação e encontro com Deus, e propicia a dinâmica da partilha, bem como a definição de um rosto materno de Igreja que respeita os ritmos de cada um e sabe aceitar que as pessoas possam não ir tão longe como porventura gostaríamos que fossem.

O acolhimento e a hospitalidade constroem a comunidade e mostram a beleza concreta da Igreja. Não se trata apenas de simpatia humana, mas da beleza da Igreja como uma mãe que está ao lado e que desafia a qualidade da relação nas comunidades cristãs. De facto, no concreto das comunidades há um acordo substancial no que respeita às ideias, mas as relações perdem mais facilmente qualidade, na dificuldade de as pessoas se acolherem umas às outras.

Regressando à reflexão inspiradora sobre a ternura, o P. Manuel Mendes afirmou que as palavras são um meio essencial para a exprimir e para revelar ao outro o seu valor. O acolhimento e a hospitalidade carecem assim de ser criativos. Não se trata tanto, contudo, de uma técnica de relação, mas da atitude de se deixar surpreender pelo outro, na consciência de que a ternura o sabe aceitar e não pode ser expressão de superioridade para com ele.

De permeio e a ilustrar as suas palavras, o conferencista teve oportunidade de as cruzar com o concreto da sua experiência pastoral, designadamente em contexto celebrativo e catequético, enquanto apontava a necessidade de tempo de qualidade para um acolhimento que se faça hospitalidade. A reflexão ainda prosseguiu no diálogo e na resposta às interpelações dos presentes.

A próxima sessão, também por videoconferência, está agendada para 3 de janeiro, às 21 horas. O P. Emanuel Brandão, pároco de Matosinhos e secretário do Conselho Pastoral Diocesano, aborda o tema «As instâncias eclesiais de corresponsabilidade pastoral».

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