4ª sessão do ciclo «Abraça o presente: Juntos por um caminho novo»
Decorreu a 3 de janeiro, por videoconferência, a quarta sessão do ciclo «Abraça o presente: Juntos por um caminho novo», organizado pelo Centro de Cultura Católica (CCC) e pelo Diaconado permanente portucalense, em sintonia com o Plano Diocesano de Pastoral 2022/2023. A sessão, bem participada, como resulta dos 102 dispositivos informáticos ligados, constou da conferência «As instâncias eclesiais de corresponsabilidade pastoral», proferida pelo P. Emanuel Brandão, pároco de Matosinhos, professor no CCC e secretário do Conselho Pastoral Diocesano. Numa das linhas programáticas do referido Plano se menciona a necessidade de «valorizar e revitalizar as instâncias organizativas da corresponsabilidade pastoral». Nas suas propostas, por seu lado, alude-se à importância de «instituir, recriar, reativar, renovar os conselhos paroquial, interparoquial, vicarial e diocesano de pastoral e as demais instâncias organizadas da corresponsabilidade pastoral».
O P. Emanuel Brandão referindo-se à sinodalidade como dimensão constitutiva da Igreja, abordou, num primeiro momento, algumas linhas da teologia da sinodalidade, apontando o afunilamento da vida comunitária, que acentuou o aspeto hierárquico ao longo do segundo milénio cristão, e evidenciando a transformação operada no II Concílio do Vaticano, designadamente pelo entendimento da Igreja como Povo de Deus. O Concílio realçou o sacerdócio comum dos fiéis, numa eclesiologia de comunhão e de participação de todos, mostrando que a unidade está antes da distinção e que o ministério ordenado pertence à ordem dos meios e não dos fins, enquanto se encontra ao serviço do Povo de Deus.
Num segundo momento, o P. Emanuel Brandão deteve-se na apresentação dos órgãos de sinodalidade e de participação na Igreja, situando a sua abordagem ao nível da Igreja universal, ao nível diocesano e ao nível paroquial e interparoquial. Afirmou que, ao nível da Igreja universal, a sinodalidade se expressa na colegialidade episcopal e na comunhão entre as Igrejas, referindo-se sobretudo ao papel do Concílio Ecuménico, bem como do Sínodo dos Bispos, criado por Paulo VI como expressão permanente de colegialidade numa Igreja toda ela sinodal. Não deixou também de apontar pistas de sinodalidade no que respeita ao Colégio de Cardeais e à própria Cúria Romana.
Em contexto diocesano, relevou o Conselho Presbiteral e o Conselho Pastoral Diocesano, referindo-se a este último como o reflexo da comum vocação batismal de que participam clérigos, religiosos e leigos, e entendendo-o assim como o órgão mais qualificado da corresponsabilidade diocesana. Não deixou ainda de explicitar a missão do Conselho Episcopal, do Colégio de Consultores, em contexto diocesano exercido pelo Cabido, e do Conselho Diocesano para o Assuntos Económicos, bem como de referenciar a função do Sínodo Diocesano e, porventura, da Assembleia Diocesana.
A abordagem convergiu depois para a corresponsabilidade ao nível paroquial e interparoquial, salientando a valorização dos vários ministérios, assim como a perceção da Paróquia como comunidade de comunidades. A conferência focou sobretudo o Conselho Paroquial de Pastoral, também ele expressivo da corresponsabilidade batismal. Mencionou também o papel do Conselho Paroquial para os Assuntos Económicos, na assessoria para a gestão dos bens, e das Assembleias Paroquiais, quando se entenda alargar a consulta sobre determinado assunto ao conjunto dos fiéis de uma Paróquia. Também foi referenciado que cada Paróquia precisa de estar em sintonia com a Igreja diocesana, sendo para tanto significativo o papel da Vigararia ou da Região Pastoral.
A conferência, apresentando o quadro teológico-canónico atual das várias instâncias de corresponsabilidade pastoral, não deixou de apontar pistas de renovação, designadamente na convergência para a obrigatoriedade daqueles órgãos que presentemente ainda são facultativos ou na progressiva evolução da função consultiva para a vinculativa. Relevo adquiriu, sobretudo, a necessidade de criar estes órgãos onde ainda não existam ou de melhorar o seu funcionamento, evidenciando o compromisso de todos, tanto dos ministros ordenados quanto dos fiéis leigos, na edificação de uma Igreja sinodal.
A reflexão ainda prosseguiu no diálogo e na resposta às interpelações dos presentes, que trouxeram a debate as experiências das suas comunidades e o desejo de uma Igreja mais sinodal, pelo aprofundamento da corresponsabilidade entre todos os batizados.
A próxima sessão, também por videoconferência, está agendada para 7 de fevereiro, às 21 horas. O Secretariado Diocesano da Pastoral da Saúde orientará uma sessão subordinada ao tema: «Escutar e acompanhar na fragilidade».