O discernimento em contexto de sinodalidade

6ª sessão do ciclo «Abraça o presente: Juntos por um caminho novo»

Decorreu a 2 de maio, por videoconferência, a terceira sessão do ciclo «Abraça o presente: Juntos por um cainho novo», organizado pelo Centro de Cultura Católica (CCC) e pelo Diaconado Permanente Portucalense, em sintonia com o Plano Diocesano de Pastoral 2022/2023. A sessão, bem participada, como resulta dos 91 dispositivos informáticos ligados, constou da conferência «O discernimento em contexto de sinodalidade», proferida por Alexandre Freire Duarte, professor da Universidade Católica Portuguesa e no CCC. O tema sintoniza com o Plano Pastoral da Diocese do Porto que, nas suas linhas programáticas refere: «adotar um estilo pastoral sinodal, em que sejam ativados a escuta recíproca, o discernimento cuidado, a decisão partilhada… para edificar a comunidade e projetá-la em missão no mundo; criar, nos diferentes órgãos de participação e corresponsabilidade, hábitos de escuta e de leitura atenta da realidade, de discernimento dos caminhos de evangelização e de avaliação, em ordem à renovação pastoral».

O Doutor Alexandre Duarte começou por referir que a sinodalidade é um termo de uso recente em contexto católico, não se sabendo ainda bem o que teologicamente significa. Estabeleceu depois um paralelismo entre o discernimento no contexto da identidade e da missão da Companhia de Jesus e o discernimento para se viver na Igreja querido pelo Papa Francisco, salientando os critérios messiânicos de Jesus pelos quais sabemos se estamos alinhados com uma Igreja como Cristo a deseja, a saber: a pobreza ou a riqueza do amor; a humildade ou o poder do amor; o serviço ou a liberdade do amor.

Relativamente ao discernimento, evidenciou sumariamente o processo desencadeado, a partir de 1539, pelo primeiro grupo da Companhia de Jesus para se manter unido em redor do carisma de Inácio de Loyola, destacando, num quadro espiritual, as condições do discernimento coletivo, os meios a empregar, o método, a análise do tema central, a confirmação da decisão e a concretização do que foi discernido.

Fazendo a transposição para o contexto atual, pôde afirmar que «o discernimento em contexto sinodal é a lenta e consciente construção – em conjunto com uma criativa e multifacetada participação de todos que sabem fazer com solidez um discernimento espiritual dos espíritos – de uma constante disposição de se ir, por vezes em simultâneo, vendo os traços que evidenciam qual a direção em que o Espírito nos deseja conduzir para sermos uma Igreja mais crística». O discernimento consiste em «separar as águas na ousadia dos filhos de Deus e na comunhão para o serviço».

Na parte final da sua exposição, o Doutor Alexandre Duarte deteve-se nas etapas básicas de um discernimento em sentido sinodal, elencadas em 11 aspetos: a formulação precisa do que se deseja debater; o desapego dos apeteceres próprios; o colocar-se na presença de Deus, na oração e na Eucaristia; O labor de discernimento individual enquanto a comunidade cresce em disponibilidade evangélica; a eventual reformulação do que se deseja debater; a partilha das razões e das motivações; o silêncio e a reflexão orante sobre o dito; o diálogo aberto sobre o dito, focado nas razões mais conformes às opções messiânicas de Jesus; a escolha do que parecer o melhor; a Eucaristia em que se pede a confirmação da escolha; a entrega da decisão ao superior, a ser acolhida com humildade obediente.

Concluída a exposição, seguiu-se um tempo de observações e perguntas por parte dos participantes, que permitiram ao orador acrescentar alguns aspetos, clarificar outros e aproximar a abordagem do tema às inquietações dos que se fizeram presentes na sessão.

O ciclo conclui-se a 6 de junho com uma sessão dedicada ao tema «Famílias acolhedoras de famílias», preparado e orientado pelo Secretariado Diocesano da Pastoral Familiar.

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