«No lusco-fusco da morte, a esperança do (re)encontro»: Retiro de silêncio para o povo de Deus

Quase 100 pessoas participaram, no sábado 22 de junho, no terceiro dos retiros de silêncio para o Povo de Deus integrados no âmbito do Itinerário de Formação «Escutar a morte, acompanhar no morrer, cuidar no luto», promovido pelo Centro de Cultura Católica. Perto de 80 estiveram na Casa das Franciscanas Missionárias de Nossa Senhora, na Quinta da Azenha, em Gondomar e perto de 20 participaram por via digital. Uma parte significativa destes não estão a percorrer o itinerário em que o retiro se insere, uma vez que os retiros foram abertos à participação de todos os que quiseram aproveitar a oportunidade de progredir no conhecimento dos caminhos da sua interioridade. Desta vez, muitos eram os enlutados, há mais ou menos tempo, porque o retiro foi orientado principalmente para pessoas em luto pela perda de entes queridos, desde aqueles que perderam o cônjuge, até mães e pais que perderam filhos ou filhas e filhos que perderam o pai ou a mãe. Havia também quem perdera amigos. Para alguns, que tomaram conhecimento pelas redes sociais ou pela informação de próximos, este retiro constituiu um reencontro com a Igreja.

O retiro, orientado pelo coordenador do itinerário, P. José Nuno, teve como tema: «No lusco-fusco do luto, a esperança do (re-)encontro». Da parte da manhã, os participantes fizeram uma caminhada pela mata e pararam diante do Crucificado para uma meditação sobre a morte e o luto a partir das palavras de Cristo na cruz. Depois de um tempo de silêncio e da celebração da Eucaristia, a parte da tarde centrou-se no texto dos discípulos de Emaús, acompanhando o seu itinerário da dor pela perda de Jesus ao reconhecimento do Ressuscitado que, em pleno caminho, vem ao encontro do seu sofrimento.

No momento de avaliação e partilha, a concluir o dia, os presentes manifestaram a consciência da importância de terem participado, por terem percebido o caminho do silêncio interior e da leitura orante da Palavra como uma experiência que os ajudou a ir mais longe no processo de luto que atravessam. Particular realce mereceu a Eucaristia, especialmente compreendida na sua dimensão de grande sacramento da comunhão dos santos, o encontro entre os ainda peregrinos na terra e os que já vivem em Deus.

Importante foi a existência de um grupo constituído por dois diáconos, uma religiosa e oito leigas que, com o orientador do retiro, se prepararam previamente para escutar, durante os períodos de silêncio, as muitas pessoas que pediram para encontrar quem as escutasse no seu sofrimento.

Deste grupo faziam parte duas psiquiatras não participantes no itinerário, que voluntariamente se disponibilizaram a estar presentes e participar neste serviço de escuta compassiva e competente de enlutados em situações de luto mais complexas. No contexto dos retiros, constituiu uma experiência inovadora a associação de diáconos, uma religiosos e leigas neste serviço de escuta, habitualmente assegurado apenas pelo orientador. Os participantes que aproveitaram esta possibilidade sublinharam a importância de a terem tido, e manifestaram a sua gratidão, realçando, com alguma surpresa para alguns, que não é necessário ser ministro ordenado para acolher e escutar quem procura ser escutado.

Um pedido recolheu unanimidade neste último retiro: a continuidade deste tipo de propostas, pois há muita gente que, na sua dor, necessita de escutar a Palavra de Deus para iluminar a experiência do sofrimento que vive e de ser escutada e ajudada a encontrar o sentido do sofrimento que a atinge.

Enquanto se aguardam propostas neste campo, o Centro de Cultura Católica tem abertas as inscrições para o Curso Básico de Teologia e para os Cursos da escola Diocesana de Ministérios Litúrgicos.

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