Na noite de 5 de novembro de 2024, realizou-se por videoconferência mais uma sessão do ciclo «Peregrinos de esperança», organizado pelo Centro de Cultura Católica (CCC) e pelo diaconado permanente portucalense, com a colaboração com alguns secretariados e organismos diocesanos, em sintonia com o Plano Diocesano de Pastoral 2024/2025. Numa sessão muito participada, que contou com 145 dispositivos informáticos ligados, o P. Domingos Areais, professor de Sagrada Escritura no CCC e pároco de Ermesinde, abordou o tema «”Este ano será para vós um jubileu” (Lev 25,10): Da Bíblia à vida». Uma das tónicas do Plano Pastoral é precisamente o Jubileu de 2025, que se iniciará em dezembro próximo.
A conferência estruturou-se em três eixos fundamentais: as raízes bíblicas do ano jubilar no Antigo Testamento; a receção que Jesus faz do jubileu; uma nota sobre os anos jubilares na Igreja. Atendo-se ao primeiro eixo, o conferencista começou por apresentar o ano sabático do Antigo Testamento: Ocorrido de sete em sete anos, evocava o dia de descanso dado por Deus na criação para que o homem e a mulher descansem e louvem Aquele que os criou. O ano jubilar, ocorrido de 50 em 50 anos, surge por referência ao ano sabático (7×7+1=50) e evoca a plenitude da plenitude e da libertação amorosa de Deus que no ano de descanso jubilar oferece a plenitude gratuita dos seus dons como fruição amorosa e libertadora. A finalidade da do ano jubilar era, pois, a concessão da liberdade a todas as pessoas, que se encontravam em servidão em razão das dívidas e dar descanso às terras de cultivo.
Focando-se no segundo eixo temático, o P. Domingos Areais afirmou que tudo o que diz respeito ao jubileu veterotestamentário foi assumido e elevado à plenitude por Jesus, que veio romper todas as cadeias de escravidão desumana e permitir que os homens vivam já hoje este tempo de graça e renovação. Como expressa na sinagoga de Nazaré, veio para anunciar a boa nova aos pobres, a libertação aos presos, a recuperação da vista dos cegos, retirando da escuridão do desespero e do sem sentido a vida dos que viviam à margem da salvação.
No seguimento dos dados bíblicos, a Igreja estabeleceu os anos santos como anos jubilares ou de graça com indulgências e peregrinações a Roma ou a santuários jubilares, previamente estabelecidos. Fê-lo, contudo, só a partir do ano 1300, no tempo do papa Bonifácio VIII, inicialmente de 50 em 50 anos como prescrito no Livro do Levítico e, depois do Ano 1400, de 25 em 25 anos.
No final da conferência, o P. Domingos Areais procurou fazer a ponte com o presente, fazendo incidir a sua reflexão no ano jubilar de 2025 que está à porta. Abeiramo-nos dele tomados pelo lema da Esperança, no intuito de caminharmos juntos, nesta terra, que é a nossa casa comum, marcada pela guerra aos pedaços e pelas mudanças climáticas. É um ano de alegria para renovarmos e aprofundarmos a fé e amor a Cristo, nas suas diversas vertentes: peregrinações, reconciliação e partilha solidária e fraterna dos bens.
À apresentação do tema, seguiu-se um significativo tempo de diálogo entre os presentes e o P. Domingos Areais, que teve oportunidade de responder às questões colocadas e aduzir pertinentes achegas às várias observações e partilhas.
A próxima sessão, a realizar também por videoconferência, está agendada para 3 de dezembro, às 21 horas. José Pedro Angélico, professor da Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa, aborda o tema – «”Ali tudo seria demora e presença” (Sophia): Antropologia e teologia da peregrinação».