«Ali tudo seria demora e presença» (Sophia): Antropologia e teologia da peregrinação

Na noite de 3 de dezembro de 2024, realizou-se por videoconferência mais uma sessão do ciclo «Peregrinos de esperança», organizado pelo Centro de Cultura Católica (CCC) e pelo diaconado permanente portucalense, com a colaboração com alguns secretariados e organismos diocesanos, em sintonia com o Plano Diocesano de Pastoral 2024/2025. Numa sessão muito participada, que contou com 130 dispositivos informáticos ligados, José Pedro Angélico, professor da faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa, abordou o tema «“Ali tudo seria demora e presença” (Sophia): Antropologia e teologia da peregrinação».

O tema sintonizava bem com o Plano Diocesano de Pastoral. Entre as ações pastorais para celebrar o Jubileu refere-se expressamente: «Fortalecer e acompanhar pastoralmente as iniciativas de peregrinação […]. A peregrinação reproduz a condição do homem, que gosta de descrever a sua própria existência como um caminho. […] A peregrinação lembra o caminho pessoal do crente seguindo as pegadas do Redentor: é um exercício de ascese ativa, de arrependimento, de arrependimento das faltas, de vigilância constante sobre a própria fragilidade, de preparação interior para a conversão do coração».

Na sua comunicação, em jeito de meditação, José Pedro Angélico articulou peregrinação e festa, enquanto ambas dizem respeito ao mais importante do ser humano. A humanidade tem ínsita uma dimensão viandante, como a têm as comunidades, em clara necessidade de sobrevivência e de adaptação à realidade. A festa relaciona-se com a peregrinação, enquanto ninguém se obriga a caminhar, como não se obriga ao jogo e à festa. Esta cria uma ordem centrada num espaço passado que se faz contemporâneo e exprime um desejo de vida plena e feliz. Também a peregrinação manifesta a procura de uma tal plenitude, como exprime o conto «A viagem» de Sophia de Mello Breyner Andresen, que serviu de mote à abordagem.

Da localização antropológica da festa e da peregrinação desdobra-se a teologia de ambas. Situadas no quadro da religiosidade popular, uma e outra implicam-se, como, aliás, se implicam paganismo e cristianismo. Seja por paisagens ou narrativas, a lugaridade inscreve-se na festa e na peregrinação, que nutrem a esperança, qual capacidade de redenção do presente, do tempo histórico e da própria vida. A festa e a peregrinação não são apenas eventos, mas expressões profundamente enraizadas nas necessidades humanas de partilha, de busca, de transcendência.

Após a apresentação do tema, a sessão foi ainda enriquecida pelo diálogo proporcionado pelos participantes.

A próxima sessão, a realizar também por videoconferência, está agendada para 7 de janeiro de 2025, às 21 horas. João da Silva Peixoto, diretor do Secretariado Diocesano da Liturgia, aborda o tema – «A indulgência jubilar: Misericórdia de Deus e comunhão dos santos».

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