Na noite de 17 de junho de 2025 concluiu-se o ciclo «Peregrinos de esperança», organizado pelo Centro de Cultura Católica (CCC) e pelo diaconado permanente portucalense, em colaboração com outros organismos eclesiais e em sintonia com o Plano Diocesano de Pastoral 2024/2025. A sessão, realizada por videoconferência e coordenada pela Comissão Ecuménica do Porto, foi dedicada ao tema «”Nós cremos”: As Igrejas cristãs no Porto no 17º centenário do I Concílio de Niceia». Contou com boa participação, atendendo aos cerca de 60 dispositivos informáticos ligados.
No início o P. Adélio Abreu, diretor do CCC, situou a sessão no conjunto do ciclo e no quadro das comemorações do 17º centenário do I Concílio de Niceia (325), onde se formulou a fé trinitária face à problemática ariana, se procurou unificar a data da celebração da Páscoa e se promulgou um conjunto de cânones que refletem as preocupações dos bispos no contexto do termo das perseguições e do crescimento da Igreja em liberdade. À conferência de teor histórico ocorrida há duas semanas juntou-se esta sessão ecuménica, no seguimento do desafio lançado pelo papa Francisco na Spes non confundit, pela qual convocou o Jubileu: «O Concílio de Niceia teve a missão de preservar a unidade», constituindo também «um convite a todas as Igrejas e Comunidades eclesiais a avançarem rumo à unidade visível». O diretor do CCC teve ainda oportunidade de justificar a sessão pela proximidade à solenidade da Santíssima Trindade, bem como à época do ano em que o Concílio se realizou, evocando também um conjunto de iniciativas comemorativas a nível internacional, de âmbito ecuménico e académico, designadamente um documento da Comissão Fé e Constituição sobre a data da Páscoa e um conjunto de congressos que entre março e junho se realizaram em Paris, em Antalya, em Bucareste e em Roma.
Pela Comissão Ecuménica do Porto intervieram na sessão o P. Mário Henrique Melo, que nela representa a Igreja Católica Romana, e o Rev.do Sérgio Alves, da Igreja Lusitana (Comunhão Anglicana). Suportados numa apresentação previamente preparada e que aqui se faculta, centraram a intervenção em três dimensões: o significado do I Concílio de Niceia para as Igrejas cristãs; o trabalho ecuménico desenvolvido pela Comissão Ecuménica do Porto; as ressonâncias da celebração ecuménica recentemente ocorrida em Portugal para comemorar o 17º centenário de Niceia.
Depois de uma breve oração, com recurso às palavras de Clemente Romano, Sérgio Alves relevou o papel de Niceia focando-se na declaração dos 318 padres, no contexto do arianismo: «como conciliar a profissão de fé cristã em Jesus Cristo como o Filho de Deus com a crença igualmente cristã em um único Deus no sentido da confissão monoteísta». Relevou também o facto de o Concílio e a sua profissão de fé serem anteriores às diferentes divisões que ao longo da história laceram o cristianismo, sendo, portanto, referências para todas as tradições cristãs. Não deixou ainda de mencionar a atualidade do Concílio: «é muito difícil ver no homem Jesus a face do próprio Deus e confessá-lo como o Filho de Deus, porque há uma tendência a vê-lo meramente como um ser humano, embora sumamente bom e excecional». No seu entendimento, a evocação de Niceia constitui-se em «oportunidade única de refletir e celebrar a fé comum dos cristãos, conforme expressa no credo formulado durante o Concílio».
Coube ao P. Mário Henrique Melo a apresentação do percurso ecuménico que, a partir do quadro eclesial fornecido pelo II Concílio do Vaticano, se desenvolveu no Grande Porto. Referiu-se a este movimento de encontro e diálogo rumo à unidade como «Porto ecuménico», dado que há aqui «um trabalho com estabilidade há muitos anos». Ficando-se na atividade mais recente da Comissão Ecuménica, aludiu à celebração ecuménica nacional da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos de 2025, ocorrida em Vila Nova de Gaia, na qual foi evocado o I Concílio de Niceia. Mencionou também o roteiro ecuménico que desde há anos anima o ecumenismo no Grande Porto, lançado anualmente na referida Semana da Unidade. Dele fazem parte um conjunto de iniciativas realizadas e a realizar ao longo deste ano, inspiradas na comemoração de Niceia, entre elas a sessão de que aqui se dá notícia.
O Rev.do Sérgio Alves voltou a fazer uso da palavra para apresentar um conjunto de imagens e testemunhos alusivos à celebração ecuménica do passado 14 de junho, uma iniciativa do Conselho Português das Igrejas Cristãs e da Conferência Episcopal Portuguesa, realizada em Lisboa, na qual, a propósito da comemoração do I Concílio de Niceia, se fortaleceram os laços fraternos que levam à missão.
Após uma breve oração com recurso às palavras de Rufino de Aquileia, a sessão continuou com as perguntas e observações dos participantes. Reiterou-se a importância da unidade na diversidade na referência à profissão de fé em Deus uno e trino. Assim se concluiu a sessão e o ciclo que ritmou a formação proporcionada pelo CCC e pelo Diaconado Portucalense ao longo do presente ano pastoral.