Unidade. Música, canto e celebração não são realidades separadas e autónomas. As finalidades da liturgia e do canto na celebração fundem‑se e harmonizam‑se. São elas: a glória de Deus e a santificação dos fiéis.
Santidade. A celebração litúrgica não se reduz a mera oportunidade ou pretexto para a execução de música e canto sacros. Na celebração, música e canto são em si mesmos liturgia, oração de ação de graças e glorificação…
Primado do Verbo. Música e canto nascem e florescem – como a fé – da escuta da Palavra de Deus. São a foz natural do rio da Palavra revelada, incarnada e rezada. Por força do Sacerdócio comum dos fiéis, o orante-cantor é sempre liturgo em Cristo, com Cristo e por Cristo, o Orante por excelência, que introduziu neste mundo o hino que eternamente ressoa nas moradas eternas.
Objetividade. Toda a celebração é prolongamento do acontecimento salvífico por excelência: da Incarnação à Ascensão do Verbo. Na assembleia celebrante, Deus Pai faz ressoar a Palavra eterna e salvífica do Filho, através das palavras (cantadas) e dos demais sinais sagrados do Rito. A música do silêncio tem aqui um lugar igualmente essencial: é o seio fecundo em que a Palavra é acolhida e adorada. O canto da Palavra potencia a resposta à Palavra divina, não só no Rito, mas também na vida renovada que se lhe há de seguir.
Espiritualidade. Só são evangelizadores a música e o canto que possuam o timbre da espiritualidade. Foi o Espírito quem fez escrever a Palavra de Deus; foi Ele quem tornou possível a Incarnação do Verbo; foi Ele quem O ressuscitou e glorificou; o mesmo Espírito animou e anima a missão evangelizadora; e é sempre o mesmo e único Espírito, ativo na celebração, que transforma a Palavra e o Rito em «Espírito e Vida»: é Ele também que harmoniza os diversos carismas e serviços da celebração e, concretamente, dá o tom e tonifica a música e o canto autenticamente litúrgicos.
Eclesialidade. A assembleia litúrgica é sempre manifestação da Igreja, «sacramento e instrumento da íntima união com Deus e da unidade de todo o género humano» (LG 1). A comunidade eclesial que canta na celebração do encontro com o seu Senhor confirma-se na sua identidade e unidade e torna‑se mais crível enquanto sinal da presença visível e salvífica de Jesus Morto, Ressuscitado e Vivo para sempre.
Sacramentalidade. A música e o canto da celebração são sinal litúrgico. São chamados a assumir a função de ícone sonoro do Mistério celebrado; este sinal sonoro-artístico deve respeitar as diversas funções e os vários momentos rituais, promovendo a sua expressão mais adequada.
Ministerialidade. A música e o canto para a liturgia – embora importantes e necessários, no plano da expressão simbólica litúrgica – não são fim em si mesmos; o seu objetivo não é o mero gozo estético; nem podem ter em vista apenas o espetáculo. Estão ao serviço:
do mistério que se celebra;
da ação ritual que o exprime;
da Palavra anunciada e rezada.
Mistagogia. Música e canto inserem-se no caminho mistagógico que permite aos fiéis introduzir-se na experiência do mistério da salvação de Cristo, para participar na vida da comunidade com a consciência do seu sacerdócio comum e empenhar-se no mundo como «testemunhas e … instrumentos vivos da missão da própria Igreja, segundo a medida dos dons de Cristo» (LG 33).
Vida. Música e canto evangelizados, penetrados pelo Espírito, tornam-se música e canto da celebração e da evangelização. Uma assembleia litúrgica que celebrou ativa, consciente e frutuosamente na alegria e no entusiasmo do canto, uma vez terminada a ação litúrgica apresentar-se-á ao mundo como comunidade evangelizada e evangelizadora, que sabe cantar com a voz e com a vida as maravilhas de Deus que celebrou no Rito.