Formar-se para proclamar as leituras

1. A formação bíblico-litúrgica

O leitor deve ter pelo menos um conhecimento mínimo da Sagra Escritura: estrutura, composição, número e nome dos livros sagrados do Antigo e Novo Testamento, seus principais géneros literários (histórico, poético, profético, sapiencial, etc.). Quem sobe ao ambão deve saber o que vai fazer e que tipo de texto vai proclamar. Além disso, deve ter uma suficiente preparação litúrgica, distinguindo os ritos e suas partes e sabendo o significado do próprio papel ministerial no contexto da liturgia da palavra. Ao leitor compete não só a proclamação das leituras bíblicas, mas também das intenções da oração universal [na ausência do diácono] e outras partes que estão assinaladas nos diversos ritos litúrgicos.

2. A preparação técnica

O leitor deve saber como aceder e estar no ambão, como usar o microfone, como usar o lecionário, como pronunciar os diversos nomes e termos bíblicos, de que modo proclamar os textos, evitando uma leitura apagada ou demasiado enfática.

Deve ter consciência clara de que exerce um ministério público, diante da assembleia litúrgica: a sua proclamação, portanto, deve ser ouvida por todos. O Verbum Domini [Palavra de Deus] com que termina cada leitura não é uma constatação (esta é a Palavra de Deus), mas uma aclamação cheia de assombro, que deve suscitar a resposta agradecida de toda a assembleia (Deo gratias) [Graças a Deus].

3. A formação espiritual

A Igreja não encarrega atores externos do anúncio da Palavra de Deus, mas confia este ministério aos seus fiéis, na medida em que todo o serviço à Igreja deve proceder da fé e alimentá-la. O leitor, portanto, deve procurar cuidar da vida interior da Graça e predispor-se com espírito de oração e olhar de fé.

Esta dimensão edifica o povo cristão, que vê no leitor uma testemunha da Palavra que proclama. Esta, se bem que seja eficaz por si mesma, adquire também, da santidade de quem a transmite, um esplendor singular e um misterioso atrativo.

Do cuidado da própria vida interior do leitor, para além do bom sentido, dependem também a propriedade dos seus gestos, do seu olhar, da roupa e do penteado. É evidente que o ministério do leitor implica uma vida pública conforme com os mandamentos de Deus e as leis da Igreja.

Enrico Finotti
Formarse para proclamar las lecturas, in Mísa Dominical n. 4 (2018) 53-54.